Ensino Superior no Brasil

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A escassez de mão-de-obra especializada é um problema para uma nação porque impede o crescimento a partir de um determinado momento. Esse é o caso do Brasil. Não conseguimos crescer mais porque nosso potencial de produção está no máximo. Não conseguimos sequer escoar a produção do norte e nordeste, porque as rodovias são ruins e o pedágio é caro.
Precisamos de infraestrutura. Pontes, rodovias, aeroportos e portos. Mais que isso, precisamos de internet rápida, telefonia eficiente e energia. Mas como construir uma ponte se não temos engenheiros? Não se instala um datacenter com advogados, administradores, agricultores e empresários. Somente com engenheiros. E o Brasil não forma engenheiros em quantidade suficiente. Mão-de-obra qualificada demora para ser formada, além de ter um custo alto. Não apenas em termos de salário. O prejuízo é dividido entre todos. Contruir uma ponte na China chega a ser 10 vezes mais barato que no Brasil. Se isso não é suficiente, a mesma ponte é concluída com um prazo 10 vezes menor.
O mesmo princípio pode ser aplicado em qualquer área. A linguística é outro campo que me preocupa. A capacidade de comunicação do brasileiro médio é horrível. O assassinato diário da gramática me dói. Não apenas na língua materna. As pérolas do ENEM são engraçadas no primeiro momento, mas em seguida perdem o humor, porque é assim mesmo que o pessoal se comunica. Aquilo não é brincadeira, é a mais pura realidade cotidiana.
No fim, tudo se resume à educação.
Cenário atual do ensino superior no Brasil
Excluindo as universidades públicas e algumas poucas universidades privadas, temos um cenário bem feio. Os alunos se formam sem precisar estudar. Já vi casos de analfabetos funcionais formado em diversos cursos. E isso não tem muita graça. Não podemos contar com essa mão-de-obra. Ao menos não podemos chamar de mão-de-obra qualificada.
Segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), 38% dos alunos do ensino superior são analfatetos funcionais. Isso eu pude verificar na minha sala de aula, enquanto professor. A universidade de baixa qualidade é um grande problema. Os cursos técnicos são uma boa alternativa, desde que sejam realmente técnicos e com um mínimo de qualidade.
Ensino realmente superior
Em um curso superior o item mais importante não é o conteúdo. O mais importante é a habilidade na solução de problemas, é a capacidade de se virar sozinho. Nesse sentido o assistencialismo e populismo da América Latina presta um grande desserviço à população. O povo fica preguiçoso, e o resto do mundo não.
Quando se diz que a matemática é chata, afastamos a disciplina do aluno. Um país que não gosta de matemática é um país pobre, com pouca capacidade de transformação.
O pano de fundo pode ser a aula de Cálculo, mas o objetivo é que o aluno exercite a lógica. Um aluno que se forma sem saber o que é porcentagem é um profissional despreparado e com pouca produtividade em qualquer área. Na aula de Ética espera-se que o aluno reflita sobre o comportamento humano, visando o equilíbrio e bom funcionamento da sociedade. E resta alguma dúvida que precisamos ter mais ética no Brasil? Será que o “jeitinho brasileiro” de levar vantagem em tudo é de fato tão legal? Na aula de estatística a parte menos importante é decorar as equações de regressão linear. Não é isso que se busca. O fundamental é que o estudante exercite o raciocínio abstrato. Esse tipo de pensamento complexo é o que precisamos atualmente no mercado profissional.
Perspectivas na educação
Estamos em um momento de decisão, onde não existem muitas alternativas. A oportunidade é proporcional ao desafio. Ou estudamos e formamos os profissionais que precisamos, ou vamos perder o bonde. E não fazer nada já é uma decisão. Errada. Mas uma decisão.
Referência
Programme for International Student Assessment (PISA)
Todos pela educação
Instituto Paulo Montenegro (IPM)